Renúncia de Bento 16 pode ter sido motivada por disputa interna de poder, diz jornal
Uma disputa interna de poder praticada por ex-aliados nos últimos meses pode ser uma das razões para a renúncia do papa Bento 16. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (12) pelo jornal “O Estado de S.Paulo”.
Análise sobre a saída do papa
- Igreja Católica pode repensar seu papel
- Papa não quis combater pedofilia na igreja
- Bento 16 mais polarizou do que uniu
- Disputas e intrigas podem ter contribuído
- Vaticano ainda resiste a papa não-europeu
- Não foi o reacionário que muitos temiam
- Pondé: Grande teólogo e papa fracassado
- Rossi: Italianos querem recuperar o posto
- Frei Betto: Foi um ato de grande humildade
- Boff: Ambiguidades marcam Bento 16
- Cláudio Hummes: Não existe unanimidade
- CNBB: Nacionalidade do papa não importa
O pontífice anunciou a decisão –que será oficializada no próximo dia 28 --na última segunda-feira (11) alegando fragilidade por conta da idade avançada, 85 anos. Segundo o jornal, porém, a partir de relatos de fontes próximas ao Vaticano, a renúncia de Bento 16 seria, na realidade, uma reação extrema ao que, nos bastidores, é classificado como governo paralelo formado à sombra do pontífice e comandado pelo cardeal Tarcisio Bertone.
Bertone era amigo pessoal de Bento 16 e foi quem mais recebeu poder na Igreja em 2005, ano em que o papa assumiu o trono. Desde então, porém, segundo o jornal, em alianças com membros da Cúria, ele teria criado situações que colocaram Bento 16 contra cardeais da Santa Sé.
Um desses casos, relatados na reportagem, foi a nomeação do cardeal Carlo Maria Vegano como núncio dos Estados Unidos, por parte de Bertone, a despeito de suspeitas de corrupção nos contratos do Vaticano que acabaram desembocando na imprensa italiana.
De acordo com o “Estado”, fontes do jornal nas embaixadas estrangeiras junto à Santa Sé garantiram que Bento 16 renunciou por livre e espontânea vontade, mas certo de que, diante de forças paralelas a seu pontificado, não conseguiria implementar as mudanças que pretendia.
Posicionamentos sobre pedofilia e preservativos encontraram resistência
Entre os principais ensejos de Bento 16, ao assumir o trono, estava o de uma limpeza na Igreja. Segundo a reportagem do “Estado”, decisões dele pela punição de cardeais envolvidos em denúncias acabaram ignoradas ou levaram anos para serem cumpridas. Com isso, pontua o jornal, o papa nunca teria levado a cabo a proposta de “tolerância zero” em relação à pedofilia.
Outra resistência que teria sido enfrentada pelo pontífice alemão era a possibilidade de revisão de posicionamentos –tais como o uso do preservativo, não aceito pela Igreja Católica --, que teria irritado cardeais refratários ao debate.
O jornal destaca ainda que o isolamento de Bento 16 já vinha pelo menos desde agosto do ano passado, quando ele se retirou, para descansar, em uma casa do Vaticano nas proximidades de Roma. Dali em diante, teria evitado confronto com seus ex-aliados.
Renúncia do papa: as manchetes pelo mundo
Veja Álbum de fotosConclave começa a partir de 15 de março
O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, afirmou nesta quarta-feira (13) que o conclave para escolha do papa que sucederá Bento 16 começará entre 15 e 20 de março.
O conclave, quando cardeais se reúnem para eleger o novo papa, vai começar de 15 a 20 dias após o cargo papal ficar vago em 28 de fevereiro, informou Lombardi, hoje, em entrevista coletiva.
Bento 16 surpreendeu a Igreja Católica e o mundo, na última segunda-feira (11), ao anunciar sua renúncia, a primeira de um papa em vários séculos. Lombardi disse que os católicos não devem ficar desorientados pela decisão de Bento 16.
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- http://noticias.uol.com.br/enquetes/2013/02/11/voce-concorda-com-a-renuncia-do-papa-bento-16.js
Em audiência, papa defende renúncia
Nesta segunda, Quarta-Feira de Cinzas para a Igreja, o papa Bento 16 fez sua primeira aparição pública desde o anúncio de que irá renunciar no dia 28 de fevereiro e disse que está renunciando "pelo bem da igreja". Bento 16 agradeceu pelo "amor" e apoio dos fieis.
Milhares de católicos são esperados mais tarde na praça de São Pedro, para as cerimônias da Quarta-Feira de Cinzas.
"Queridos irmão e irmãs, como sabem, decidi renunciar ao ministério que o Senhor me confiou em 19 de abril de 2005. Faço isso em plena liberdade pelo bem da igreja, depois de ter rezado muito e após examinar minha consciência diante de Deus, ", declarou Bento 16 diante de um salão lotado com cerca de 10 mil pessoas no Vaticano, onde foi ovacionado.
O papa afirmou ainda que está "consciente da importância da decisão, mas que também é consciente de que não é capaz de dar sequência ao ministério petrino [como sucesso de São Pedro, o primeiro papa] com a força física e espiritual necessária".
"Me dá apoio e me ilumina a certeza de que a igreja é de Cristo, ao Qual não lhe faltará seu guia e seu cuidado. Obrigado a todos pelo amor e pelas orações com que vocês me acompanham. Continuem rezando pelo papa e pela igreja", concluiu Bento 16.
Os milhares de fiéis presentes responderam com uma grande ovação, ainda maior do que a feita quando Bento 16 entrou na sala Paulo 6º para a tradicional audiência das quartas-feiras.
O pontífice entrou na sala por volta das 10h44 no horário local (7h44 horário de Brasília), enquanto os fiéis aplaudiam de pé agitando bandeiras de diversos países, incluindo o Brasil. (Com Agências Internacionais)
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